terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Mar Morto

Xico Graziano

Passada a ressaca do carnaval, terminam pra valer as férias. Milhões de brasileiros se deliciaram com as belezas do litoral. A areia da praia se acalmará. O mar, tristemente, estará mais poluído.

Embalagens, sacos plásticos, garrafas, fraldas descartáveis, camisinhas, tudo quanto é porcaria da civilização tende, desgraçadamente, a rumar para o oceano. Os dejetos chegam nadando nas águas da chuva e dos rios, eles próprios quase sempre enegrecidos e malcheirosos. Basta conferir algumas capitais brasileiras situadas na orla.

Quem viajou para o Nordeste ultimamente pode testemunhar a tragédia crescente da poluição marítima. Em Maceió, por exemplo, a bela Praia de Jatiúca sofre com a feia agressão ambiental. Turistas, muitos deles estrangeiros, arrependem-se de deixar as piscinas do hotel para caminhar na areia salgada. Seus passos trombam com pedaços de boneca, tubos de pasta de dente, potes de macarrão barato e, sempre, muitos materiais plásticos, de todas as cores, formatos, texturas, tamanhos, finalidades. Uma barbaridade.

Como se não bastasse o lixo, algas escuras se prendem nos detritos sobre a praia, formando um esquisito encaracolado que se enrosca no pé do cidadão ao caminhar. Ou no pescoço do fulano, caso ele se arrisque a dar um pulo nas ondas do mar. Dá até dó dos teimosos pescadores, que não se cansam de limpar suas redes e seus anzóis dessa gosma malcheirosa que turva a natureza.

Eutrofização. Assim os cientistas denominam tal fenômeno. Potássio, fósforo, nitrogênio, enxofre: os elementos químicos presentes em detergentes, restos de alimentos, óleo de cozinha, na urina e nas fezes humanas, nos fertilizantes agrícolas formam um caldo de cultura favorável ao crescimento dos organismos aquáticos. A poluição, guardados limites, serve como adubo para as algas marinhas.

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Fonte: Estadão