sábado, 22 de agosto de 2009

Semana Mundial da Água quer parte em novo acordo climático

Os participantes da Semana Mundial da Água exigiram nesta sexta-feira que as conclusões deste encontro sejam incorporadas nas negociações da cúpula de Copenhague, onde em dezembro se tentará carimbar um novo acordo climático global pós-Quioto.

Os mais de dois mil líderes políticos, especialistas e representantes da sociedade civil reunidos desde segunda-feira na Semana Mundial da Água, em Estocolmo, Suécia, aprovaram hoje uma declaração final na qual salientam o "papel fundamental" que o tema da água deve ter nas negociações do novo acordo.

O novo acordo climático deve incluir o papel da água como "elemento chave" para medir os efeitos das alterações climáticas, defende o documento hoje aprovado, destacando que as medidas de adaptação são "um requisito prévio" para alcançar um desenvolvimento sustentável e reduzir a pobreza no mundo.

Segundo a declaração final do encontro de Estocolmo, que será encerrado sábado, um acordo climático mundial "forte e justo" será "crucial" para assegurar a acessibilidade aos recursos hídricos no futuro.

Entre as conclusões da reunião estão a importância da água na economia dos países, habitação urbana e saúde pública. Além disso, foi destacado que as negociações sobre o clima devem levar em conta o valor da água para o ambiente, desenvolvimento sustentável e bem-estar da população.

A declaração final - que enaltece os esforços realizados nos últimos meses durante as negociações prévias à cúpula de Copenhague e ao Fórum Mundial de Água, celebrado em Istambul (Turquia) - exige ainda uma maior cooperação financeira e tecnológica à administração dos recursos hídricos nos países em desenvolvimento.

A Semana Mundial da Água - que este ano decorreu sob o tema "Responder aos desafios globais: o acesso à água para o bem comum" - foi patrocinada pela Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), que aproveitou a ocasião para lembrar que a falta de qualidade da água, saneamento e higiene leva a que diariamente morram cerca de 4500 crianças em todo o mundo antes de completarem os cinco anos de vida.

Fonte: Lusa Agencia de Notícias

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Cana com água residuária

Um estudo desenvolvido na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba, demonstrou um aumento de produtividade de quase 50% em uma plantação experimental de cana-de-açúcar, após a utilização de efluentes de esgoto doméstico tratado na irrigação da cultura.

Desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Solos e Nutrição de Plantas da Esalq, a pesquisa indica que a irrigação com águas residuárias tem potencial elevado de beneficiar culturas agrícolas, atendendo não apenas a necessidade de água da planta, mas fornecendo também nutrientes essenciais ao seu crescimento, especialmente o nitrogênio.

O trabalho foi feito pelo engenheiro agrônomo Rafael Marques Pereira Leal, atualmente doutorando do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena). O experimento, cujos resultados parciais acabam de ser publicados na revista Scientia Agricola, foi realizado em uma área de latossolo vermelho de 7,5 mil metros quadrados na cidade de Lins, no interior paulista, que recebeu o plantio da variedade RB 72454 de cana (Saccharum spp.).

Os efeitos da irrigação com efluente de esgoto na produtividade da cultura foram estudados durante 16 meses, período correspondente ao primeiro ciclo produtivo da cana. O efluente utilizado na irrigação foi bombeado à plantação após passar por um sistema de filtragem com areia, procedimento necessário para a remoção de partículas em suspensão presentes no efluente, material que sem o devido controle poderia ocasionar o entupimento do sistema de irrigação.

O estudo integra um Projeto Temático apoiado pela Fapesp e coordenado pelo professor Adolpho José Melfi, do Núcleo de Pesquisa em Geoquímica e Geofísica da Litosfera da Esalq.

As parcelas da plantação irrigadas com água residuária, proveniente da estação de tratamento de esgoto de Lins, receberam metade da quantidade de nitrogênio mineral recomendado e 100%, 125%, 150% e 200% da demanda hídrica da cultura.

As elevadas concentrações de sódio presentes no efluente de esgoto doméstico ocasionaram um aporte elevado desse elemento químico de até 6,2 toneladas por hectare nas parcelas que receberam a maior irrigação, juntamente com cerca de 1,5 mil quilos de nitrogênio por hectare e 628 quilos de potássio por hectare.“Todas as parcelas do solo irrigadas com água residuária, com exceção de uma, apresentaram maior produtividade, com valores de até 247 toneladas por hectare, quando comparadas com as áreas controle da plantação que receberam manejo com adubação tradicional, cuja produtividade atingiu cerca de 153 toneladas por hectare”, disse Leal.

O trabalho aponta que a irrigação com água residuária está em crescente valorização na agricultura nacional. “A prática exige, no entanto, atenção detalhada ao balanço entre as quantidades de nutrientes adicionadas por meio da irrigação e as quantidades de nutrientes requeridas pelas plantas. Isso evitaria eventuais prejuízos ao ambiente, por exemplo, por conta da lixiviação de nutrientes e acumulação de sais no solo, garantindo em última análise o aumento sustentável do rendimento da cana-de-açúcar”, afirmou.

Segundo Leal, a irrigação com águas residuais tratadas aumentou a produtividade da cana, mas as aplicações de água residuária acima de 100% da demanda de água da cultura não ofereceram benefícios à planta em termos de ganho extra de produtividade.“Além disso, causou potenciais problemas por meio da acumulação de sódio no solo, o que pode prejudicar a estrutura física do solo. A utilização de águas residuais para irrigação é uma prática que, apesar de potencialmente benéfica, exige uma gestão cuidadosa em todas as suas etapas, desde o plantio até a colheita da cultura, necessitando sempre de orientações técnicas adequadas”, disse.

Fonte: Ambiente Brasil

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Criado grupo de trabalho para coordenar elaboração do Plano Nacional de Saneamento Básico

Decreto presidencial publicado no Diário Oficial da União de quarta-feira (19) institui o Biênio Brasileiro do Saneamento 2009/2010 e o Grupo de Trabalho Interministerial que irá coordenar a elaboração do Plano Nacional de Saneamento Básico. De acordo com o decreto, o objetivo é garantir a universalização dos serviços e alcançar as metas estabelecidas em convenções, acordos e resoluções a que o Brasil tenha aderido.

Até março do ano que vem, o país deverá ter um diagnóstico da situação para definir as prioridades. O plano funcionará como eixo central da Política Nacional de Saneamento, segundo as diretrizes estabelecidas na Lei nº 11.445/07 e no Pacto pelo Saneamento Básico e pela Cidadania, que reúne todos os órgãos envolvidos com atividades na área. A iniciativa é do Conselho das Cidades, sob a coordenação da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades.

Os serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário e limpeza urbana são fundamentais na garantia das condições de higiene necessárias à preservação da saúde. Diante do crescimento desordenado das cidades, eles se tornam cada vez mais importantes e urgentes, e são necessários também para prevenir a poluição das águas e a ocorrência de enchentes e inundações.

Fonte: Ambiente Brasil

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Enquete: Brasil precisa focar em políticas de inovação para não importar tecnologias verdes

Fernanda Dalla Costa

As políticas de ciência, tecnologia e inovação dão amplas condições para que o Brasil mantenha-se líder da nova economia, mas é necessário focar e incluir neste processo o desenvolvimento de tecnologias verdes, evitando a sua importação, foi o que a Revista Sustentabilidade apurou, a partir do resultado da enquete veiculada em seu portal.

A opinião de especialistas difere do resultado da enquete, já que, a maioria dos 254 internautas que responderam (70,47%) acredita que o Brasil precisa importar tecnologias 'verdes', definidas aqui como processos e produtos que usam menos recursos naturais e causam menor impacto ao meio ambiente.

Entre os 29,53% restante, que acreditam não ser necessário depender do desenvolvimento tecnológico dos outros, está o leitor, Olvídio Augusto Silva que comentou: "Se engana quem pensa que os países desenvolvidos são referência em cuidar do meio ambiente. Precisamos que nossos gestores públicos ofereçam ferramentas capazes de viabilizar a construção de novos valores que abordem a importância da utilização do meio ambiente de forma que as próximas gerações desfrutem da beleza dos nossos rios e florestas".

Silva colocou o dedo na ferida, mas a questão vai mais fundo ainda, pois precisamos entender qual será nossa estratégia para nos mantermos na liderança na nova economia verde, que mantemos até agora em função dos biocombustíveis, da agricultura e da biotecnologia. A questão é se podemos desenvolver e aplicar outras tecnologias verdes para sermos consequentes num cenário onde, a partir a reunição do clima em Copenhague, o mundo pode se dividir entre exportadores e importadores de tecnologias, que tem como objetivo adaptar e mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

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Fonte: Revista Sustentabilidade

Instituto das Águas do Paraná prevê isenção de taxa ao pequeno produtor rural

O deputado Luiz Claudio Romanelli (PMDB), líder do Governo na Assembleia Legislativa, adiantou nesta terça-feira (18) que o projeto que cria o Instituto das Águas do Paraná está pronto para ser aprovado em segunda e terceira discussões pelos deputados. O projeto foi aprovado, de forma definitiva, pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A isenção da taxa de água para pequenos produtores rurais, única emenda que travava o projeto na CCJ, foi acatada por Romanelli, relator do projeto.

“Agora o projeto deve ser aprovado em segunda e terceira discussões e pronto para sanção do governador Roberto Requião”, disse Romanelli. Conforme a emenda aprovada na CCJ, os produtores que usarem a água apenas para produção agropecuária e silvopastoril ficarão isentos da cobrança da taxa. Na opinião do deputado Reni Pereira (PSB), não existirá risco para os produtores e nem desperdício. “A legislação estabelece sanções e penas para aqueles que esbanjarem água.

Além do que, mantém a outorga, que servirá para verificação do uso da água”, afirma.No texto original, a isenção seria aplicada quando o consumo fosse dado como insignificante, devendo ser determinado por decreto do governo estadual. A medida dessa forma não especificava claramente o que seria “insignificante”, o que ficaria a cargo do Executivo. “A cobrança do uso da água inviabilizaria muitas propriedades rurais. Mesmo que não seja cobrado hoje, da forma como o texto está redigido poderia ser cobrado lá na frente”, disse Romanelli.

O projeto de lei apresentado pelo governador Roberto Requião prevê a extinção da Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Suderhsa) e cria o Instituto das Águas do Paraná. A matéria já foi votada em plenário, mas quando da segunda votação recebeu emendas, portanto retornou à CCJ. GESTÃO PÚBLICA - De acordo com a justificativa do Governo Estadual, a nova autarquia possibilitará um melhor gerenciamento dos recursos hídricos. O projeto busca aprofundar mecanismos para a promoção da gestão pública das águas no Paraná. O aperfeiçoamento do sistema vem sendo desenvolvido desde 2003.

O Governo alega que para a modernização do sistema de gestão de água é necessária a extinção da antiga autarquia e a criação do novo instituto, o que possibilitaria a integração da política de recursos hídricos e de saneamento. Atualmente são cinco comitês de bacia hidrográfica, mas até o final de 2009 esse número deve dobrar, contemplando assim todas as bacias hidrográficas.

Fonte: AE Notícias

Consórcio municipal vai reunir prefeituras do Rio Grande do Sul na preservação das águas

Nesta terça-feira (18), prefeitos que integram a Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul), do Rio Grande do Sul (RS), visitaram a Agência Nacional das Águas (ANA), em Brasília, e demonstraram o interesse em firmar um acordo de cooperação técnica para a elaboração de projetos de preservação dos recursos hídricos da região.

Os gestores municipais estão preocupados em preservar os estuários da região, segundo o presidente da associação e prefeito de São Lourenço do Sul, José Sidney Nunes de Almeida. O governo do estado também deve ser convidado para participar das discussões sobre as ações que podem ser realizadas no local.

O acordo deve ser assinado em outubro, depois da criação de um consórcio municipal entre os integrantes da Azonasul, com objetivo de atrair investimentos para a preservação de mananciais e exploração do turismo.

Fazem parte da Azonasul os municípios de Aceguá, Arroio Grande, Amaral Ferrador, Arroio do Padre, Canguçu, Capão do Leão, Cerrito, Chuí, Encruzilhada do Sul, Herval, Jaguarão, Morro Redondo, Pedro Osório, Pedras Altas, Pelotas, Pinheiro Machado, Piratini, Rio Grande, Santana da Boa Vista, Santa Vitória do Palmar, São José do Norte, São Lourenço do Sul e Turuçu.

Fonte: Ambiente Brasil

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Cientistas alertam que Ásia precisa melhorar uso de recursos hídricos

Segundo relatório, sem investimento região pode sofrer falta de alimentos crônica e conflitos sociais.

Cientistas alertam que os países asiáticos podem enfrentar falta de alimentos crônica e provavelmente conflitos sociais se não melhorarem a administração dos recursos hídricos para lidar com o aumento populacional. Especialistas em água reunidos em uma conferência financiada pela Organização das Nações Unidas na Suécia afirmaram que os governos precisam investir na eficiência do uso da água para cobrir um aumento na demanda por alimentos até 2050. Estimativas sugerem que a população da Ásia vai aumentar em cerca de 1,5 bilhões de pessoas nos próximos 40 anos, aumentando também a demanda por alimentos.

As previsões foram publicadas nesta segunda-feira em um relatório conjunto do IWMI e da Organização de Alimentos e Agricultura da ONU. Investimento Segundo os cientistas, países do sul e do leste asiático precisam gastar milhões para melhorar os sistemas antiquados de irrigação e reduzir a dependência de alimentos importados. De acordo com o diretor do Instituto Internacional de Administração da Água (IWMI, na sigla em inglês) , Colin Chartes, depender das importações para cobrir a demanda pode ser insustentável para países em desenvolvimento. "A solução é intensificar os métodos de irrigação e modernizar sistemas antigos construídos nas décadas de 70 e 80", afirmou Chartes, ressaltando que a mudança precisaria de bilhões de dólares em investimentos.

Os cientistas alertam que as previsões sobre a necessidade de melhorar o uso da água não levam em consideração o possível impacto do aquecimento global nos recursos hídricos da região. BBC Brasil.

Fonte: Estadão Online

Semana Mundial da Água defende maior acesso a este recurso

Com um apelo para melhorar o acesso à água e assim ajudar os países pobres, a Semana Mundial da Água, que reúne 2.000 especialistas internacionais, foi aberta nesta segunda-feira (17), em Estocolmo.

Os debates deste seminário, chamado este ano "O acesso à água para o bem de todos", serão dedicados ao acesso a este recurso natural, um desafio sanitário ou político no que se refere aos cursos transfronteiriços, mas também um potencial problema para as cidades, que abrigam 60% da população mundial em 2030."Ao melhorar o acesso à água, podemos mudar para melhor as vidas e a saúde das mulheres, dos homens e das crianças pobres", destacou a ministra sueca da Ajuda ao Desenvolvimento, Gunilla Carlsson, na abertura do seminário.

As discussões insistirão particularmente na gestão das águas transfronteiriças, que podem levar a conflitos, mas também nas consequências positivas que criam ao favorecer a cooperação para sua gestão."A coerência e a cooperação entre os diferentes setores, como a energia, a agricultura e a saúde, mas também entre distintas nações que compartilham as águas, são necessárias para enfrentar os desafios e os problemas ligados à água", declarou Carlsson.

Os debates também incluirão a questão da higiene, porque quase 4 milhões de pessoas morrem a cada ano por doenças relacionadas à água.

Fonte: Ambiente Brasil

Reservatórios de hidrelétricas apresentam melhores níveis em dez anos

Até o fim deste mês, os níveis de armazenamento nos reservatórios das hidrelétricas do país deverão ser os melhores dos últimos dez anos, em todas as regiões. De acordo com o Operador Nacional do Sistema (ONS), pelo cenário atual não há necessidade de geração térmica complementar.

Os dados foram apresentados na segunda-feira (17) durante reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). Segundo o ONS, ao final do mês de agosto, os níveis dos reservatórios deverão chegar a 72,7% nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, 88,7% no Sul, 75,9% no Nordeste e 66,1% no Norte.A região Sul registrou precipitações excepcionais, elevando a energia média nas primeiras semanas de agosto para 19.304 megawatts médios, valor muito superior ao do período da estiagem de maio,que foi de 2.200 megawatts médios.

Durante a reunião o Ministério de Minas e Energia apresentou um balanço das obras de expansão da geração e transmissão no país. Na geração, até julho deste ano, foram incorporados ao Sistema Interligado Nacional (SIN) aproximadamente 1.186 megawatts de capacidade. Na transmissão, no mesmo período, foram instalados 1.401 km de linhas de transmissão.

Fonte: Ambiente Brasil

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Conversa circular

MARINA SILVA

NA SEMANA que passou, foi feita em Bonn, na Alemanha, mais uma tentativa de chegar perto de um patamar razoável para o acordo a ser assinado em dezembro, em Copenhague, que se constitui em nova etapa dos esforços mundiais, pós-Protocolo de Kyoto, para conter o aquecimento global. As impressões sobre os resultados da reunião ficaram entre o desânimo e o reconhecimento de avanços discretos.

O desânimo, segundo entendo, vem mais da aflição diante do ritmo lento desses avanços, insuficiente para o tamanho e a urgência do problema. Há mais duas rodadas de negociações até o final do ano: em Bancoc, na Tailândia, e em Barcelona, na Espanha. A pergunta é se farão diferença ponderável na atitude dos principais atores.

Os desafios centrais continuam sendo um compromisso mais forte por parte dos países desenvolvidos e a disposição dos emergentes -entre os quais o Brasil- de sair do discurso atual para metas voluntárias e propostas mais ousadas, que tensionem e mudem o tom do que parece ser uma conversa circular, incapaz de concretizar a redução de emissões de gases poluentes.

O necessário é algo em torno de 25% a 40% de redução, em 2020, em relação a 1990. Mas, apesar da boa notícia de semanas atrás, quando os países do G8 (clube dos desenvolvidos) acordaram em buscar metas globais para evitar que a temperatura média no planeta suba além dos dois graus Celsius, ainda não está clara e assumida a tarefa de cada um. O Brasil, particularmente, não pode esquecer que, numa situação em que a temperatura média global ultrapasse a barreira dos dois graus, ficará extremamente vulnerável, pois isso afetará diretamente o equilíbrio do sistema hídrico, base de nossa matriz energética limpa.

O Brasil é uma incógnita de peso para romper a conversa circular das negociações globais. Se apresentar, até o final do ano, uma meta de redução de suas emissões totais, tão relevante quanto foi o seu compromisso de redução de desmatamento, pode destravar o ambiente, pressionando tanto os países desenvolvidos quanto os demais emergentes a serem mais pró-ativos.

O tempo está se esgotando e ainda há um fosso enorme entre anúncios e atitudes. A cadeia de coerência entre uma coisa e outra apresenta falhas e vazios significativos. Enquanto isso, segue sem novidades a disputa tradicional de exigências mútuas de comprometimento e recursos. Recursos, como nos ensinou a crise financeira mundial, aparecem quando são necessários, desde que se queira. Já comprometimento real, não meramente discursivo, continua sendo artigo difícil no mercado global.

Fonte: Folha online