quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Reduzir uso de água pode ser melhor forma de economizar eletricidade

Em regiões onde o bombeamento e a distribuição de água requerem um consumo significativo de eletricidade, as políticas que levam à redução de consumo de água podem lidar com a questão das mudanças climáticas de forma mais eficiente que obrigar empresas e moradores a utilizarem menos energia. Isto é o que acredita o especialista em água Peter Gleick, presidente do Pacific Institute. Segundo ele, uma das formas mais baratas de reduzir emissões de gases do efeito estufa não é com programas de eficiência energética, e sim com programas de eficiência no uso da água. Gleick acredita que é mais barato para os consumidores reduzir o uso de água quente em suas residências do que substituir suas lâmpadas incandescentes por modelos alternativos mais eficientes energeticamente.

No estado da Califórnia, nos Estados Unidos, onde a seca está afligindo a terra pelo terceiro ano consecutivo, está havendo redução de 20% a 30% no fornecimento de água durante este inverno norte-americano e alertas sobre "a crise hídrica mais significativa da história". Os cortes no fornecimento de água estão forçando os fazendeiros a reduzirem sua produção e demitirem empregados. Entretanto, o transporte, a armazenagem e o tratamento da água somam cerca de 19% do consumo de eletricidade do estado, de acordo com a Comissão de Energia da Califórnia. David Zoldoske, diretor do Centro de Tecnologia da Irrigação da Universidade do Estado da Califórnia, tem se esforçado desde 2001 para instruir os fazendeiros californianos sobre a manutenção adequada das bombas. Com a ajuda dos subsídios da distribuidora, o projeto ajudou a aumentar a eficiência de diversas bombas de irrigação, economizando 19,4 milhões de kWh por ano, entre 2002 e 2005.

Na China, a seca agora se estende pelo Cinturão Nortista do Trigo, e aproximadamente quatro milhões de pessoas estão sem fornecimento adequado de água para consumo. Depois de declarar uma emergência "raramente vista na história", o governo disse que planeja enviar foguetes semeadores de nuvens ao ar para incentivar chuvas. Muitas regiões da China se enquadram na definição de Gleick para "picos de água", termo utilizado para descrever situações em que a água é mais consumida dos aquíferos ou do solo do que gerada, ou quando há danos irreversíveis em questões de consumo de água na ecologia local. Para lidar com as deficiências de água no país, o governo começou, em 2001, o Projeto de Diversificação da Água de Norte a Sul, no valor de 62 bilhões de dólares. Se o projeto for completado uma quantidade de energia muito grande seria necessária para bombear a água em todo o país. O governo chinês priorizou, em 2005, a redução de 20% na intensidade energética até 2010. Historicamente, a produção e o fornecimento de água consumiram menos energia durante o tempo. A intensidade energética declinou cerca de 30% entre 1997 e 2004. Mas há previsões de que conforme a China for expandindo suas unidades de tratamento de água, o consumo de energia vai aumentar. O economista David Roland-Holst, da Universidade da Califórnia em Berkeley, diz que reduzir a intensidade urbana de água pode conservar tanto água quanto energia e economizar dinheiro dos clientes residenciais nas faturas de água e energia, além de criar empregos.

Fonte: The Guardian