Produtor de Holambra montou um sistema de captação que lhe garante água gratuita do ceu quase o ano todo.
Rose Mary de Souza
Preocupado com as notícias de escassez mundial de água potável, o floricultor Renê Franciscus van Vliet decidiu aproveitar ao máximo os recursos da natureza e instalou um sistema de captação de água de chuva em sua propriedade. A iniciativa, adotada há dois anos, permitiu redução de no mínimo 20% nas despesas com energia elétrica e água, além de todos os benefícios ambientais de aproveitar um recurso que "brota" do céu.
No Sítio Porteiras, em Holambra (SP), Vliet emprega 25 funcionários e produz gérbera e lisianthus de corte, gypsophila e folhagens em estufa. As plantas são fertiirrigadas, das quais 90% são comercializados pelo sistema de Veiling da Holambra.
A água para umedecer a terra é levada por dutos de canos até a base das plantas. Em períodos de altas temperaturas, com excesso de calor, o sítio consome diariamente 40 mil litros de água. Menos da metade, cerca de 5 mil a 10 mil litros, é a quantidade necessária para os dias com temperaturas mais amenas. CHUVAA captação da água da chuva é simples e obedece à lei da gravidade, explica Vliet. A cobertura, ou seja, o "telhado" da estufa tem o formato de meia-lua virada para baixo, que reduz o impacto das gotas de chuva e permite o seu escoamento. As estufas estão montadas em bloco, uma ao lado da outra. Na junção entre as coberturas foi projetada uma calha para captar a água da chuva, que segue até os canos de PVC com terminações nas bordas dos tanques cobertos com lona preta impermeável, onde a água ficará armazenada.
O sítio tem seis blocos de estufas, sendo um tanque para cada um deles. Cada bloco tem 5 mil metros quadrados. No total são 30 mil metros quadrados de área coberta. Vliet diz que a água de chuva é de boa qualidade. Para evitar prejuízos com o desenvolvimento das flores, porém, faz-se constantemente a medição do acidez (pH) e de sais minerais contidos na água.Os tanques são forrados por uma manta especial impermeável. A profundidade de cada um deles fica entre 5 a 8 metros. No sistema, Vliet tem a capacidade de armazenar no total 3 milhões de litros de água de chuva. A reserva de água se mantém desejável com precipitações de 20 a 30 milímetros em espaço de até 15 dias. "Tenho água para dez meses do ano", garante o floricultor. Segundo ele, para os outros 60 dias de baixa pluviosidade é necessário ligar a bomba do único poço artesiano da propriedade. Para instalar o sistema, Vliet investiu R$ 5 por metro quadrado. "O retorno do investimento será pago após quatro anos de uso", diz.
Fonte: Estadão - Suplemento Agrícola