quarta-feira, 22 de abril de 2009

Usinas querem queimar 1 mi de hectares

JULIANA COISSIDA

Apesar de usineiros terem assinado o Protocolo Agroambiental com o compromisso de reduzir as queimadas de cana, os novos pedidos de queima para esta safra caíram apenas 1,04% na região de Ribeirão.As usinas e proprietários rurais da região propõem queimar nesta safra 1,048 milhão de hectares de cana-de-açúcar, o equivalente a 1,361 milhão de campos de futebol. O total significa apenas 11 mil hectares a menos do que os 1,059 milhão de hectares pedidos na safra passada. É o que aponta levantamento da Folha com base nos pedidos de queima enviados à Secretaria de Estado do Meio Ambiente nas regiões administrativas de Ribeirão Preto, Franca, Central (Araraquara e São Carlos) e Barretos.

O pedido de queima, porém, depende de autorização do Estado para a área ser efetivamente liberada. Na região administrativa de Ribeirão Preto, por exemplo, dos 274,6 mil hectares solicitados no ano passado, 211 mil foram autorizados pelo governo do Estado. Em São Paulo, na safra passada, a queima ocorreu em 1,997 milhão de hectares, dos 3,167 milhões pedidos pelas usinas de açúcar e álcool. Neste ano, a microrregião de Ribeirão foi a que menos reduziu a área pedida para ser queimada: inscreveu 270 mil hectares para a colheita com fogo, somente 4.600 hectares a menos em relação à safra anterior. Barretos, por sua vez, foi a microrregião que registrou a maior queda de pedidos: as usinas solicitaram 251,2 mil hectares, 13,2 mil hectares a menos do que em 2008 (veja quadro nesta página).

Nas quatro microrregiões, somente na de Araraquara o governo do Estado não emitiu até o momento nenhuma autorização, em razão de uma decisão da Justiça Federal. De acordo com Ricardo Viegas, coordenador do projeto Etanol Verde da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, a pasta ainda está estudando quais áreas serão autorizadas. Segundo o coordenador, a meta de mecanização da colheita -que reduz a prática da queimada- não foi atingida na safra passada. O esperado era que 50% da colheita fosse feita de forma mecanizada, mas as usinas do Estado de São Paulo chegaram a 49%."Houve uma redução dos preços da cana-de-açúcar, e algumas unidades que foram projetadas não começaram a funcionar", afirmou Viegas.

Já Sérgio Prado, diretor regional da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), entidade que representa as usinas no Centro-Sul do país, afirmou que, apesar de a área pedida para queima permanecer alta em toda a região, não necessariamente ela será consumada. "A cada ano aumenta na região a quantidade de usinas que estão recorrendo à mecanização da colheita", disse o diretor.
Fonte: FOLHA RIBEIRÃO