terça-feira, 30 de junho de 2009

Atuação da mulher na gestão da água é defendida no Recife

Apesar de estar fortemente envolvida com o uso da água, tanto no contexto produtivo quanto doméstico, a mulher ainda não participa de forma efetiva da gestão dos recursos hídricos no Brasil e em muitos países. Para mudar esta realidade, o Recife sediou uma oficina de capacitação de multiplicadores para a comunidade lusófona (que fala a língua portuguesa).

Participaram do evento representantes de Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e do Brasil. Foi a segunda vez que um encontro dessa natureza foi realizado no País. A oficina foi promovida pela Gender and Water Alliance - GWA e contou com apoio da Agência Nacional de Águas, Rede Brasileira de Capacitação em Recursos Hídricos, Secretaria Estadual de Recursos Hídricos de Pernambuco e Fundação Joaquim Nabuco.

“Desde a Conferência das Nações Unidas sobre Água, na cidade de Mar Del Plata, na Argentina, em 1977, já se falava da questão de gênero na gestão dos recursos hídricos. Mas, desde então, poucas mudanças aconteceram e ainda são os homens que na maioria das vezes e isoladamente tomam as decisões relacionadas à gestão do uso desse recurso natural”, disse Denise Soares, representante do Instituto Mexicano de Tecnologia da Água.

A participação da mulher na gestão dos recursos hídricos foi uma das recomendações da Declaração de Dublin, assinada em 1992, na Irlanda, durante encontro que reuniu diversos países. Dentre os princípios estabelecidos no documento está o que destaca que as mulheres desempenham um papel importante na provisão, gerenciamento e proteção da água. Também reconhece que esse papel ainda não tem se refletido na estrutura institucional para o desenvolvimento e gerenciamento hídrico. “O Brasil, por exemplo, já incorporou alguns desses princípios, menos o que diz respeito à participação da mulher na gestão da água”, ressaltou Daniela Nogueira, que esteve no encontro do Recife em nome da GWA e da Universidade de Brasília.

Os participantes do evento foram selecionados de acordo com a experiência profissional, que deveria incluir trabalhos anteriores com a questão de gênero e/ou com a gestão da água. Um dos objetivos finais do encontro foi formar multiplicadores para atuar nas diferentes regiões dos países participantes, capacitando e incentivando as mulheres a se envolverem no desenvolvimento e gerenciamento dos recursos hídricos.

A programação contou com ciclos de palestras que destacaram o papel da mulher na gestão da água e discutiam temas relacionados ao gênero associado a assuntos como consumo doméstico e saneamento, sociedades tradicionais, agricultura, educação e saúde. Após cada ciclo, foram realizadas oficinas nas quais cada participante podia compartilhar suas experiências sobre o uso da água. Uma delas foi apresentada por mulheres da África. Elas desenvolveram uma técnica alternativa, utilizada em comunidades carentes, em que garrafas PET são usadas como depósito de água e também servem para aquecer o líquido e decantar a sujeira com o uso da luz solar.

Fonte: Diário Oficial Pernambuco