A cidade brasileira de Goiás Velho abriga a 11ª edição do Festival Internacional de Cinema Ambiental (Fica) durante esta semana. Trata-se do maior da América Latina e um dos maiores do mundo com esta temática, a apenas seis da conferência da ONU que definirá o acordo substituto para o Protocolo de Kyoto.
Estabelecido ao longo de seus 11 anos como um importante evento relacionado ao ambiente, o festival acontece em meio a uma agenda crucial para a 15ª Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas (COP-15), que começa no dia 7 de dezembro, em Copenhague (Dinamarca).
O objetivo do encontro é estabelecer o texto definitivo de um acordo global de combate às mudanças climáticas para substituir - com mais sucesso, espera-se - o Protocolo de Kyoto, que expira em 2012. Para este ano, foram selecionadas 29 produções de 13 países para concorrer aos prêmios do festival, com obras que abordam algumas das principais e mais urgentes questões ambientais do século 21 - como a escassez de água, o aquecimento global, a poluição industrial nos países em desenvolvimento e a extinção acelerada de várias espécies.
Além dos filmes, o festival também oferecerá mesas de discussão e cursos sobre cinema e ambiente. Em um dos fóruns, Andrea Cattaneo, idealizador de um mecanismo de redução de emissões de gases poluentes que será discutido na conferência da ONU, falará sobre o uso de instrumentos econômicos no combate às mudanças climáticas.
Em outra mesa, o americano Eric Davidson, pesquisador da Nasa e coordenador do Woods Hole Research Center (WHRC), um instituto de pesquisa e proteção ambiental, discutirá o aproveitamento sustentável da biodiversidade, da água e dos recursos terrestres.Filmes - Um dos destaques do Fica será o lançamento no circuito comercial de "Garapa", nova produção do diretor José Padilha - que, em 2008, ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim com "Tropa de Elite".
O documentário, que foi bem recebido em festivais internacionais como Tribeca e Berlim, conta com imagens chocantes a triste história da fome endêmica e da miséria no Brasil.Padilha irá a Goiás Velho - cidade história do Centro-Oeste brasileiro, declarada Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco - para participar de um debate com a plateia após a projeção do documentário.
A mostra competitiva - para a qual foram inscritas 556 obras de 47 países - terá quatro categorias: longa-metragem, com quatro filmes, média-metragem, com 15, curta-metragem, com oito, e série televisiva, com duas produções de dois episódios cada.Na categoria principal, participam os filmes brasileiros "A árvore da música", de Otávio Juliano, "Corumbiara", de Vincent Carelli, "Kalunga", de Luiz Elias, Pedro Nabuco e Sylvestre Campe, e o americano "Uma mudança no mar" ("A Sea Change"), de Barbara Ettinger.
Os participantes também poderão debater sobre cinema brasileiro contemporâneo com o crítico e teórico Ismail Xavier, que falará em uma das mesas e coordenará um curso sobre cinema moderno e fotogenia.
Fonte: Estadão Online