terça-feira, 22 de setembro de 2009

A era da estupidez

Numa linha histórica e de crítica econômica, a diretora e ativista inglesa Franny Armstrong tenta mostrar como a guerra pelo ouro negro, o desenvolvimento tecnológico e a agressividade do consumo construíram uma derrocada – talvez sem volta - para a humanidade.

O filme compara, de maneira lúdica e interessante, o perfil econômico dos países e os prejuízos para a terra na insistência da economia do petróleo.

Numa Arca de Noé futurista sobre o Ártico derretido, um sobrevivente solitário vê as imagens do mundo em processo de destruição. Ele está em 2055 e não há mais salvação, tudo está acabado. O homem olha, porém, para um passado aonde ainda era possível reverter o caminho do fim: nossos dias atuais.

Esta é a premissa do documentário A Era da Estupidez (The Age of Stupid), que estreou mundialmente no dia 21 de setembro num evento em Nova York, e entra em cartaz no dia 22 em uma dúzia de salas do Brasil (onde ficará, provavelmente, por pouquíssimo tempo). O filme mistura ficção (o narrador, Pete Postlethwhaite, indicado ao Oscar em 1994 pelo Em Nome do Pai), animações e seis histórias reais, gravadas a partir de 2007, de pessoas que vivem no mesmo planeta, mas em posições díspares (como é próprio desta nossa modernidade).

Entre elas, o relato da nigeriana Layefa Malemi, jovem de 20 anos que quer fazer medicina para ajudar seu povoado, uma área de extração da Shell arrasada e paupérrima, e Jamila e Adnan Bayyou, pequenas vítimas da guerra do Iraque que perderam a casa, a nação e o pai para a guerra dos americanos.

As discussões querem, evidentemente, reverberar na Conferência das Nações Unidas para o Clima (COP15), que acontece no mês de dezembro em Copenhagem. A comunidade mundial tem a consciência que será imprescindível um acordo que busque o compromisso dos países participantes, principalmente os mais desenvolvidos, para a redução da emissão de gases nocivos ao meio ambiente.

Do contrário, aquele homem solitário sobre o Ártico estará mesmo, em 2055, catalogando imagens e histórias para os olhos de alguém que, em algum lugar, vai saber o que foi feito de todo um povo que, ironia das ironias, extinguiu-se quando cresceu.

A crítica da película é contundente, direcionada ao que somos hoje. E, no escuro da sala de cinema, transmite com eficácia a sensação primeira de que, vítimas e algozes, somos todos assassinos da humanidade.

Mas faltou discutir a responsabilidade dos de quem está em desenvolvimento, principalmente na América Latina. Nada, nadinha de Brasil, Argentina, Chile, países que estão economicamente em ascensão e, portanto, vulneráveis à tentação descontrolada do, digamos, progresso.

Parece que os produtores do filme compraram a tese da responsabilidade histórica que os países em desenvolvimento vão colocar na mesa em Copenhague para que, em alguns casos, eles não tenham que arcar com os custos de séculos de falta de cuidado com a nossa terra.

Veja o trailler aqui.

Fonte: Revista Sustentabilidade Online