quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Escassez de água doce ameaça o futuro

De olho no recurso, fundos investem em empresas ligadas à água e governos compram terras em outros países
A ativista ambiental canadense Maude Barlow, autora de “Água, o Pacto Azul” e co-fundadora da ONG Blue Planet Project tem a fala tranqüila e pausada, mas é firme ao defender a causa que escolheu proteger: os recursos hídricos do planeta. A conselheira sênior da presidência da Assembléia Geral das Nações Unidas para o tema é clara. Estamos ficando sem água. Se não despertarmos para a preservação dos recursos hídricos, a vida na Terra pode desaparecer em 200 anos.
Uma das grandes ameaças atuais para a proteção da água no planeta, segundo Maude, é a transformação do recurso em uma commodity a ser comercializada facilmente no mercado mundial. “Se a água fosse abundante, eu não me importaria de ela ser comercializada. O problema é que o planeta está ficando sem água. Hoje, aproximadamente 3 bilhões de pessoas não têm acesso a esgoto. A água é um direito da humanidade. Se você torná-la um produto, ela será acessível apenas para aqueles que podem comprá-la”, afirma.
De toda água do planeta, apenas 2,5% são de água doce. “A água deve ser encarada como um bem público. Não são as empresas privadas que devem estabelecer quem terá ou não direito a ela. O acesso aos recursos hídricos deveria ser obtido através de licenças pagas concedidas pelo governo, com regras e limites rígidos. Água não é um produto como tênis ou Coca-Cola”, completa a ativista.
Os efeitos da escassez de água já podem ser vistos atualmente, defende Maude. Há 50 anos, segundo ela, não precisávamos consumir água vinda do subsolo. Hoje, metade do nosso consumo é extraído de lá. “As pessoas já estão morrendo, não é como se isso fosse acontecer no futuro. Quase a metade da população mundial não tem água limpa a menos de um quilômetro de sua casa. A falta de água própria para o consumo é a principal causa da mortalidade infantil no mundo. Ela mata mais do que a Aids, a malária e a guerra juntas”.


Fonte: Época Negócios.