Brasil assume compromisso voluntário de reduzir alta de gás-estufa em até 38,9% Entenda a importância de um novo acordo sobre mudanças climáticas ‘Meta é para países desenvolvidos’, diz Dilma sobre redução de CO2
A senadora e possível candidata à Presidência da República pelo PV, Marina Silva (AC), afirmou neste sábado (14) que os compromissos que serão apresentados pelo governo brasileiro na Conferência do Clima das Nações Unidas, em Copenhague, na Dinamarca, precisam ser cumpridas. Ela questionou a posição do governo de chamar as propostas de compromisso voluntário e evitar admitir como meta os percentuais de redução de emissão de gases do efeito estufa.
"Sinto que há uma falta de compreensão quando o governo fala em meta voluntária. Quanto se apresenta esta meta no âmbito da convenção, ela se torna um compromisso vinculante", disse Marina em uma convenção do PV na Assembléia Legislativa de São Paulo.
O governo federal anunciou nesta sexta-feira (13) que o Brasil se compromete voluntariamente a reduzir as emissões nacionais de gases causadores do efeito estufa em 36,1% a 38,9% até 2020 em relação ao que poluiria se nada fosse feito. Isso quer dizer o seguinte: calculada a tendência de emissão de dióxido de carbono (CO2) e outros similares na próxima década, o Brasil vai tentar contê-la, adotando ações para que o tamanho do estrago ambiental fique menor do que seria se o governo não fizesse nada. A meta, ou compromisso voluntário, foi anunciada pelo ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, também possível candidata em 2010.
Neste sábado, Marina defendeu que o Brasil deve liderar as discussões sobre o assunto com os países ricos e emergentes em Copenhage. Ela também questionou o discurso do governo de que é preciso ter dinheiro para atingir a meta. "Quando se gera um filho, é preciso embalá-lo. O Brasil tem que aportar os recursos necessários e buscar apoio externo", advertiu. Apesar das críticas, Marina elogiou a criação de uma meta. "Reconheço que é uma posição positiva e adequada."
Apagão
Marina criticou também a postura do governo federal em relação ao apagão ocorrido na noite de terça-feira (10). Segundo ela, o governo não assumiu suas responsabilidades nem se colocou à frente do problema. "Fica mais fácil terceirizar uma vitória do que uma derrota".
Segundo ela, o blecaute causou desgaste político não apenas ao governo, mas desgaste econômico, social e moral aos brasileiros. "Foi uma situação inaceitável para os brasileiros que se viram diante dela", disse. Para a senadora, ainda é preciso diagnosticar as causas do problema para poder evitar novas falhas no futuro. "Se o próprio presidente Lula disse que a investigação está na fase do 'achismo', quem sou eu para dizer o contrário".
Marina frisou que o governo precisa diversificar a matriz energética do País para reduzir a dependência das usinas hidrelétricas, que dependem de longas linhas de transmissão, suscetíveis a incêndios, raios e tempestades. Em sua opinião, o investimento em energia baseada em recursos hídricos é mais barato, mas o custo no longo prazo sai mais caro. "Defendo o princípio de precaução para evitar os erros".
Fonte: G1