terça-feira, 31 de março de 2009

Água: cooperação sem guerras

Gustavo Faleiros
Certamente, você já leu alguma manchete de jornal em que a “ONU prevê guerras” na África ou no Oriente Médio em torno de fontes água doce, ou ainda ouviu o boato de que os “gringos” vão invadir a Amazônia, o maior reservatório de recursos hídricos do planeta. Pois é, se há um bordão bem conhecido na comunidade ambiental é aquele que versa sobre o potencial da água, “o petróleo do século 21”, causar conflitos de grandes proporções.

Mas nas últimas semanas, opiniões divergentes têm ganhado destaque. Um simples levantamento feito pelo Instituto Internacional de Estocolmo sobre Água (IIEA) demonstrou que existem na verdade mais exemplos de cooperação do que conflitos em torno de grandes mananciais.Em material divulgado há duas semanas, o instituto mostrou que, durante todo o século 20, trezentos acordos internacionais foram assinados para garantir uma gestão transfronteiriça de recursos hídricos. Neste mesmo período, apenas sete pequenos incidentes entre países foram contabilizados como resultados diretos da escassez de água. A própria Organização das Nações Unidas (ONU) embarcou no discurso da paz e lançou o tema “Águas compartilhadas, oportunidades compartilhadas” como mote do Dia Internacional da Água (22 de março).

Dados da organização mostram que existem no globo 263 bacias e 274 aqüíferos “internacionais”. Isso faz com que 75% de todas as nações do mundo dividam com seus vizinhos seus estoques de água. Veja na galeria de fotos abaixo exemplos de cursos d´água transfronteiriços. “Mesmo o conflito entre Israel e Palestina, que muitas vezes é citado como um exemplo de disputa por recursos hídricos, tem como um pano de fundo questões políticas e religiosas”, argumenta o pesquisador Anton Earle, do IIEA.

À mesma conclusão chegou o membro da Associação Britânica de Ciência, Wendy Barnaby. Em artigo publicado na edição eletrônica da revista Nature, ele conta que ao tentar escrever um livro sobre as “guerras pela água” suas expectativas foram totalmente frustradas. Lançando mão de uma pesquisa ainda mais detalhada, publicada em 2003 no American Journal of Water Resources, Barnaby lembra que entre 1948 a 1999, de um total de 1.831 questões sobre bacias internacionais, 68% tiveram como resultado acordos pacíficos e apenas 28% causaram rusgas diplomáticas. Os 5% restantes tiveram resultados neutros.

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Fonte: O Eco